Crise

Por causa dos ilusionistas é que hoje em dia muita gente acredita que poesia é truque...

Mario Quintana - Sapato Florido, 1948.


sexta-feira, 1 de março de 2013

LEITURA ONÍRICA*


 
I
Sim, escrito estava
em telas alvas de silício;
grávidas de Sorte e Silêncio.

II
Sim, escrito estava
em frases formais, diversas
daquela à soleira da porta.

III
Sim, escrito estava,
mal ou bem, tudo sobre ele
– seus atos mais solenes e caros:

À flor da pele, toda a imensa
fome de Saber e Alegria – que,
com um sorriso, sua Dor cobria.

IV
Até então, eu supunha fosse
um Testamento;
uma Carta de Amor, um Alento.

V
Não! Descrito estava tudo lá.
Em única folha: lâmina em brasa
– bárbara, suficiente, definitiva:

Tudo e Todo Advento!

VI
Em profundo Silêncio, eu li.
Lá – inédito e inóspito,
num grito interrompido,
seu último Atestado:
de Óbito!


*Jairo De Britto, em “Dunas de Marfim

3 comentários:

  1. Belas formas de voar você produziu amigo. Convido para ser seguidos do meu Blog: operadanoite.blogspot.com um forte abraço!!

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  2. O fim do velho poeta, o nascimento do Poeta Novo.
    Maravilham-nos essas pétalas ao longo do caminho de tua poesia,
    amigo Jairo.
    Inspiração sensível, toques de alma.

    Abraços.

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  3. Jairo Alves, Meu Caro: grato por suas palavras, Apreciação & Consideração. Já tentei tornar-me 'seguidor' do seu Blog e não consegui - por pura incompetência minha. Mas, agora, vou tentar mais uma vez.

    Carmen Regina, Querida: desses que chama (generosamente) de "toques de alma" e "pérolas", você conhece bem mais do que aqui se encontra.

    A ambos, Meu Cordial Abraço & Gratidão.

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