Preparou-se para aquela
que não sabia ser sua pequena,
grande ou maior viagem.
Preparou-se para aquela
que não sabia ser sua amena,
áspera ou derradeira viagem.
Preparou-se para aquela
que não sabia ser penúltima,
ou mais uma daquelas passagens.
E o fez com o mais cuidadoso
e lúcido, ácido e ávido pensar.
Sabia que devia; que havia
de assim melhor ser: para ele
um singular e sobreviver:
Fosse na Luz aguda e infinita
Ou na Treva arguta e maldita.
Mas, sem rancor ou medo,
ímpar Fé ou maior descrer,
sabia que já estava pronto.
Mãos e olhos fixos; o corpo
disposto, as mãos desatadas:
nos lábios as últimas palavras.
Por entre os dedos, o Tempo,
em horizonte perto ou distante,
não mais lhe ditava as regras!
Ele, nem vítima, herói ou rei,
não mais construía verdes pontes.
Agora, só admirava o abismo.
Assim, ciente de que o coração;
da sua, nem árdua, original, difícil
e inversa decisão, sem medos
ou oração, já não vinha tão cedo.
em "Dunas de Marfim"
[Arte: Gabiel Pacheco]
Parabéns querido amigo Jairo!!! Contente em visitar sua casa virtual onde transborda sensibilidade e toca o meu coração!!! carinho--Renata Carone Sborgia--dia 26/09/14--
ResponderExcluir"Por entre os dedos, o Tempo,
ResponderExcluirem horizonte perto ou distante,
não mais lhe ditava as regras!"
Tudo que você inspira é a mais fina flor de Poesia.
"Ele, nem vítima, herói ou rei,
ResponderExcluirnão mais construía verdes pontes.
Agora, só admirava o abismo."
E eu me pergunto, como na música de Milton Nascimento: este verso>> como não fui eu quem fiz?
Admirável Poeta!