Crise

Por causa dos ilusionistas é que hoje em dia muita gente acredita que poesia é truque...

Mario Quintana - Sapato Florido, 1948.


terça-feira, 25 de março de 2014

COLHEITA IMPREVISTA*

I

Pérolas de água-doce e boa caligrafia.
Papel Pólen de única e rara gramatura.
Uma caneta esfero clássica e fina.

II

A imponência de vestir um terno preto.
Uma bengala high tech firme e leve.
A ousadia da cotidiana e velha pirataria.

III

Cadernos e blocos diversos à mão.
Laudas A4 de cores várias e fortes.
Uma cadeira que alicie corpo e olhos.

IV

O Grito que em silêncio roubei em Oslo.
A cruel e estúpida Rosa de Hiroshima.
Outras rosas tantas de Gertrude Stein.

V

Sonhar com a Biblioteca de Alexandria.
Esquecer o homem que falava Javanês.
Lembrar de Picasso na Oca e no Louvre.


*Jairo De Britto, em "Dunas de Marfim"
(São Paulo, Capital - 22/Setembro/2004)

[Arte: Pablo Picasso]

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